Hoje trarei mais um Conto Sinistro.
Então, apurem seus sentidos, apaguem as luzes, sentem-se e prestem bastante atenção. Tenham uma otima leitura!
O crucifixo
A tranquilidade de Josué foi interrompida por um grande estampido vindo das nuvens negras que se avolumavam. O som estridente lembrou um trovão, mas era de uma natureza peculiar, pois logo foi seguido de outros barulhos menores. O homem levantou-se assustado e começou a olhar para cima a procura da origem do estrondo.
De repente um clarão surgiu das densas nuvens, como se fosse um meteoro indo de encontro a terra em um filme de ação. Logo Josué percebeu que não se tratava de algo alienígena, mas sim de um avião, pelo menos um pedaço dele que caia velozmente e sem rumo.
O homem temeu que os destroços caíssem em sua casa, mas viu com certo alívio que a bola de fogo ensandecida passou pela sua residência. Outro grande estrondo se fez presente quando o avião se chocou no solo, a alguns quilômetros da casa de Josué, que sentiu o solo vibrando ao seu redor na hora do impacto, sendo quebradas as maiorias das janelas do imóvel.
Josué correu rapidamente em direção aos destroços. O avião havia caído em uma área de reserva florestal, não fazendo mais vítimas do que os próprios passageiros. Ao chegar ao local, constatou que várias pessoas entravam pela mata gritando e pedindo por socorro. O desespero e a angústia eram os únicos sentimentos ali presentes.
Pelos restos da aeronave percebia-se que era um grande avião comercial.
A cena que Josué presenciou, até aquele momento foi a pior na sua vida. Havia pedaços de corpos e sangue por todos os lados nos objetos que não tinham sido completamente destruídos pelo fogo. Ao longe se ouvia sirenes de ambulância e órgãos de segurança pública a caminho.
Josué sentiu um imenso mal estar e acabou se ajoelhando na mata devastada pelo caos. Foi neste momento que ele viu pendurado em um galho de uma árvore um objeto de brilho diferenciado. Foi ao seu encontro e percebeu que era um crucifixo dourado ligado a um cordão de ouro. Josué segurou o objeto em suas mãos e sentiu rapidamente uma atração pelo mesmo, lembrando o objeto precioso da saga Senhor dos Anéis. Ele não conseguiu resistir e após perceber que ninguém estava presenciando, acabou colocando o crucifixo no bolso da bermuda e voltando para sua casa, deixando para trás toda aquela desolação.
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Tudo parecia normal naquele voou que agora estava apenas há poucos quilômetros do seu destino. Na última fileira havia um casal com uma criança, uma linda garotinha loira de 9 anos de idade, com seu vestido verde preferido.
Pela janela a criança viu que o céu mudava de cor rapidamente, passando de um azul profundo para um negrume acinzentado. A menina fez um gesto para a mãe e disse:
— Mamãe, parece que vai chover, tenho medo de trovão, mamãe quero ir embora.
— Calma minha filha, já estamos chegando, logo você estará brincando em seu quarto.
Neste momento a voz do piloto surgiu no auto falante do avião e o mesmo falou:
— Atenção passageiros, iremos passar por um momento de turbulência, peço a todos...
Um grande tremor fez cessar a comunicação e a o avião começou a tremer convulsivamente. Algumas repartições de bagagem abriram e malas e bolsas caiam em cima das pessoas e nos corredores.
A garota começou a chorar. O casal abraçou a filha. O barulho aumentava paulatinamente. O avião começou a perder velocidade velozmente. As mascaras de oxigênio caíram, mas todos pareciam ter a certeza que nada mais poderia ser feito. A mãe então tirou o crucifixo que trazia em seu pescoço e falou para filha:
— Escute Ângela, vou colocar isto em você, não precisa chorar, com isto estará protegida.
Colocou o colar na filha e olhou nos olhos do Marido. O fim se aproximava. Logo o Avião perdeu uma das asas e o controle foi perdido por completo, a última visão que Ângela levou desta vida, foi ver seus genitores em um último abraço, depois ela e todos os outros passageiros perderam os sentidos antes do impacto mortal.
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Alguns meses se passaram. Josué era um homem alto e magro de 29 anos. Policial civil há cinco anos, tentava conciliar o trabalho com o curso de direito que fazia à noite. Ele ficou sabendo pelos noticiários que o acidente havia provocado à morte de 143 pessoas e apenas uma não tinha sido possível encontrar os restos mortais, o de uma linda garotinha que tinha a imagem divulgada constantemente pela mídia sempre sedenta por sangue.
Talvez alimentado pela constante lembrança, talvez pelo sentimento de culpa de ter se apropriado do objeto de alguma vítima do acidente; ele não sabia ao certo, mas às vezes Josué acordava assustado, pensando ouvir gritos à sua volta. Morava sozinho e começou a sentir estranhos pressentimentos. A sensação de ser observado se fazia presente no seu dia a dia.
O crucifixo encontrado passou a ser levado para todos os lugares por Josué, achava que com o “amuleto” ele estaria protegido. Quando ia para a faculdade, além de um velho caderno, ele sempre levava uma bíblia, mas dentro dela não havia escrituras sagradas, estava oca por dentro. No local em que deveria haver páginas de papel havia o recorte perfeito de uma arma e lá ele depositava a sua arma de fogo.
Naquela noite chovia bastante. Josué não conseguia prestar atenção nos últimos minutos da chata aula de Direito previdenciário. O sinal finalmente tocou. Josué pegou a sua bíblia e seu velho caderno e foi em direção ao carro que estava estacionado um pouco longe da entrada da faculdade.
No caminho um carro branco passou perto de Josué, rapidamente ele percebeu que havia uma mulher ao volante e uma criança no banco de trás, a criança parecia mexer em algo no banco. Mais a frente ele percebeu que um homem aparentando estar drogado estava sentado embaixo de um poste, com roupas rasgadas. O homem começou a seguir Josué. O policial tentou disfarçar que havia percebido e continuou indo em direção ao seu veículo.
Caminhou mais alguns metros e ouviu um grande estampido atrás. Rapidamente Josué abriu a bíblia e retirou de dentro a sua pistola, disparando instintivamente na direção do barulho. Após o susto inicial, o policial constatou assustado que o tiro que disparou havia atingido um garoto no peito. Era a mesma criança que há pouco tempo tinha visto no carro. O menino devia ter uns 8 anos. No ar ele viu o que havia provocado o barulho. O garoto segurava alguns balões enquanto corria para abraçar o pai, um professor da faculdade que iria para casa com a esposa. Mais tarde ele saberia que a criança acabara de sair do circo com a mãe e tinha comprado alguns balões, estando ansioso para mostrar ao pai.
Josué correu para tentar ajudar o menino que ainda lutava bravamente pela vida. Todos a sua volta gritavam e ligavam para as autoridades. O policial ajoelhou-se em frente ao garoto e com lágrima nos olhos tirou o crucifixo do seu pescoço e colocou em cima do menino, no local onde havia sido atingido. A criança sorriu ao ver o brilhante adereço e balbuciou algo:
— A menina estourou meu balão, quero outro mamãe.
A mãe do menino, uma bela mulher ruiva de olhos verdes partiu para cima de Josué e começou a lhe bater, dizendo que ira pagar por aquilo.
Enquanto a confusão tomava proporções gigantescas, todos acabaram olhando surpreendidos quando o garoto levantou-se e correu em direção a mãe, lhe abraçando e chorando copiosamente.
Em meio a toda aquela confusão Josué acabou vendo uma esbranquiçada figura que aparentava ser uma criança com vestido verde indo em direção do estacionamento, em sua pequena mão esquerda ele reconheceu o crucifixo que lhe pertencia, a garota desapareceu em uma névoa espessa por trás de um carro.
Josué nunca encontrou o amuleto que havia colocado em cima do garoto, apenas disseram que o tiro tinha passado de raspão. Depois de um longo processo judicial ele acabou sendo declarado inocente, já que durante as investigações concluíram que ele sofria de sérios distúrbios mentais.
Por: Crowvox
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