Conto Sinistro 04: O Caminho dos Esquecidos

Saudações Sinistros,
Hoje teremos mais um Conto Sinistro.
Então, Sinistros, sentem-se, acendam suas velas, apurem seus sentidos e tenham uma ótima leitura.

O Caminho dos Esquecidos.



Edge acordou com uma suave garoa que caia em seu corpo, deixando que as gotículas de água corressem pelo seu rosto. Estava anoitecendo, fazia frio naquela floresta lúgubre que ele visualizava a sua volta. Olhou para o céu de forma mais concentrada e viu a imagem da lua que lutava para surgir ante as nuvens cinzentas ao seu redor. Permaneceu algum tempo deitado na branda relva que lhe envolvia.

Era de uma magreza ululante, sua estatura era mediana, embora sua tez fosse parda, naquele momento atingia um tom quase pálido. Sua feição era de um homem atormentado, aparentando ter mais idade do que os seus 18 anos vividos, seus olhos lânguidos denunciavam a desorientação de sua alma.  Ao levantar-se, viu que calçava uma pesada bota marrom e vestia um casaco em tom esverdeado, com bolsos largos, procurou algo no interior dos mesmos, mas a única coisa que encontrou foi uma pequena pedra redonda em tom escarlate. Não se lembrava de como havia adquirido aquele objeto, mas sentiu em seu âmago que deveria ser algo importante.

Com as sombras da noite como companhia, Edge começou a andar lentamente em direção a uma área mais densa, pensou que poderia se refugiar da chuva junto daquelas árvores mais ajuntadas. Seus passos eram lentos e desengonçados, sentiu um dor lacerante na parte superior de sua perna, passou a mão com cuidado no local dolorido e sentiu que havia um rasgo em sua roupa que causou um pequeno ferimento o qual ainda continha resquícios de sangue. Edge não ficou preocupado com aquele leve desconforto. Estava exausto, suas lembranças eram apenas confusões distorcidas que em vão tentava trazer para a realidade.

Na penumbra quase completa ele visualizou uma extensa pedra abaixo de uma das grandes árvores ao seu redor. Sentou-se com os braços cruzados tentando amenizar o intenso frio que percorria o seu corpo. Ao longe ouviu um som agudo que pensou ter sido provocado pela força do vento, depois de alguns minutos sucumbiu ao cansaço e adormeceu.

O sol nascia no horizonte e Edge acordou com o som estridente, parecendo derrubar árvores no interior da floresta. Instintivamente ele levou as mãos a um dos bolsos da calça procurando algo para se defender, mas nada encontrou. Foi ao encontro do som aterrorizante. Depois de alguns minutos de caminhada avistou um córrego com duas belas árvores gigantescas ao seu redor. Atrás de cada árvore um caminho forjado por pequenas pedras esbranquiçadas ganhava vida. No centro uma gruta sinuosa e de aspecto fantasmagórico se fazia presente de forma majestosa.

Edge foi em direção ao córrego visando beber um pouco de água, pois estava sedento. Abaixou-se e quando tentou levar um pouco de água com as mãos até a boca foi interrompido por uma voz de mulher. Assustado ele olhou na direção do som e viu que uma bela jovem ruiva, de pele clara e com um transparente vestido branco vinha ao seu encontro.

A bela jovem falou que ele não poderia beber da água enquanto não escolhesse uma das estradas que deveria seguir. Edge tentou perguntar em que local estava, mas foi logo interrompido pela misteriosa ruiva. Ainda um pouco confuso Edge escolheu o caminho de pedras que se situava à sua esquerda. A mulher então falou:

— Não prefere ir por dentro da gruta, um caminho mais seguro?
— Não, prefiro ir por este caminho — respondeu Edge.

De repente Edge ouviu o som de pássaros se aproximando lentamente, eram pequenos e de penas negras, cerca de 20 se aproximaram e pareciam olhar com misteriosa atenção para ele.

— Uma boa escolha, beba da água e siga seu caminho, mas antes me entregue à pedra vermelha que está em seu poder — Afirmou a mulher.
Ávido por saciar sua sede Edge entregou a pedra e bebeu rapidamente a água. Os pássaros negros voaram em disparada.

— O que encontrarei neste caminho? É seguro? Estou com medo.
— Você escolheu o caminho do esquecimento, o que foi a melhor opção, ao centro está a gruta que leva direto ao inferno, os pássaros que você viu são conhecidos por “Devoradores” e assim que alguém escolhe este caminho eles se apoderam das almas dos escolhidos. A sua direita se encontra o caminho para a plenitude divina, ao tempo certo você seguirá por um novo caminho, o qual for merecedor — respondeu a mulher, dizendo para Edge continuar.

Sentindo-se confiante, Edge começou a caminhada, mas logo ao dar o primeiro passo ele sentiu náuseas e perdeu a consciência.

Um grande trovão seguido por raios sibilantes estrondou no céu. Era madrugada, Edge então acordou de mais um pesadelo, que se faziam cada vez mais frequentes nos últimos anos. Edge agora era um senhor bastante idoso; há alguns anos estava internado em uma casa de repouso. Ao acordar ele lembrou-se da sua primeira missão na segunda guerra mundial, havia sido ferido, perdido os sentidos por mais de 12 horas, não se lembrando sequer de como tinha sido resgatado pelos seus companheiros.

Edge estava muito doente, sentia a necessidade de ser visitado com frequência pelos filhos e netos, mas a maioria deles parecia ter esquecido da sua pessoa. Ele ouviu passos se aproximando, pensou que seria a enfermeira de plantão. Viu entrar no quarto uma bela mulher ruiva, vestindo um vestido branco levemente diferente do comumente utilizado. A mulher ligou a luz do quarto e então Edge falou admirado:

— Você é a mulher do meu sonho, o que está fazendo aqui?
— Sim, sou eu velho amigo, chegou a hora de seguir pelo seu novo caminho.

A mulher então abriu a mão direita e entregou uma pedra vermelha ao Homem. Edge esforçou-se para pegar o objeto e quando finalmente o tocou fez a sua última caminhada.

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