O curioso caso do Linguiceiro da rua Arvoredo

Saudações Sinistros. 
Hoje eu vou postar uma matéria bem interessante.
Vou falar sobre os crimes cometidos por José Ramos. Que foi pivô do episódio que ficou conhecido como “O linguiceiro da rua Arvoredo”. 
Tal Crime que deixou Porto Alegre amendrontada por volta dos anos de 1864.
Então meus caros, apaguem as luzes, apurem seus instintos e sentidos, curtam o silêncio e tenham uma ótima leitura!


Quando era mais nova, meu irmão estava lendo  o livro O Maior Crime da Terra que é do escritor e historiador Décio Freitas. 
Pesquisando por aí, descobri que, o escritor vasculhou os arquivos históricos de Porto Alegre, atrás de informações que pudessem confirmar a história que se contava de geração em geração. O escritor encontrou registros e alguns detalhes de um crime, que ao longo dos anos ganhou o status de lenda urbana porto alegrense, e reuniu esse material no livro.

Segundo o historiador os processos relacionados ao caso estão incompletos, faltam folhas, sem contar que o material é todo manuscrito em português arcaico, o que contribui para dificultar o trabalho de quem tenta desvendar as historias dos crimes e de possível ato de canibalismo. E foi justamente o canibalismo que, segundo Décio Freitas, pode ter levado o caso ao descaso e ao arquivamento de certas partes do processo.

Vocês devem estar se perguntando o porquê de um arquivamento de um crime tão cabeludo, para que a sociedade não soubesse dos detalhes horrendos.
Simpla!!!!Isso foi foito pois, José Ramos teria assassinado algumas pessoas, com o auxílio de sua parceira, Catarina Palse, e como forma de ocultar os cadáveres, usou a carne dos mesmos como matéria prima para confecção de linguiça, (isso mesmo Sinistros, linguiça) sendo que essa era vendida a muitos figurões da sociedade gaúcha.

Então, vamos aos crimes da rua Arvoredo em Porto Alegre:

No ano de 1864,Porto Alegre se deparava com um caso que chocante.
Dois corpos são encontrados em um velho poço, nos fundos de uma casinha simples. Os cadáveres pertenciam a um comerciante português e um caixeiro de 16 anos de idade. Ambos tinham a cabeça aberta por golpe de objeto cortante, possivelmente machado, e ambos haviam sido degolados. Para completar o cenário, junto a eles foi encontrado o cadáver de um cachorro, que os habitantes da cidade sabiam ser do caixeiro assassinado.

Durante as investigações a polícia chegou a José Ramos (algumas fontes afirmam que tinha 26 anos) e Catarina Palsen. Catarina era uma mulher nascida na Hungria, mas que falava a língua alemã e compartilhava dessa cultura, o que levou as pessoas a considerá-la de descendência germânica.

José é acusado pelo assassinato e Catarina acusada como cúmplice. Ambos são levados a júri e condenados. Esse poderia ser o fim da história toda, mas era apenas o começo de uma trama que desencadeou pesadelos e terror aos moradores de porto alegre.

Vamos a uma breve história de José Ramos:

José Ramos nascido em Santa Catarina, filho mais velho de um gaúcho de descendência portuguesa, cujo nome era Manoel Ramos, que lutou na Revolução Farroupilha, mas que acabou desertando, e fugindo para o estado vizinho, onde ele se casou com uma índia, mãe de José, chamada Maria Conceição.

Quando criança Ramos teria desenvolvido um interesse peculiar pelas histórias de guerra contadas pelo pai. Ele sempre pedia detalhes, principalmente a respeito do processo de degola dos inimigos.

Certo dia Ramos sai em defesa da mãe que era espancada pelo pai bêbado. Na luta José acaba ferindo Manoel com uma faca. Esse morre alguns dias depois em decorrência dos ferimentos. José foge então para o Rio Grande do Sul.

Já morando em Porto Alegre, José Ramos entrou na polícia. Aparentemente em função de sua enorme truculência (existem registros de surras medonhas que ele impunha a presos ou a simples suspeitos) por esses motivos foi desligado do serviço formal, mas ficando como informante do chefe de polícia. Dario Callado, outro sujeito conhecido por sua violência a crônica conta coisas como uma surra que ele aplicou em um tenente com quem disputou uma cantora de opereta de passagem pela cidade e um castigo desnecessário a um escravo que estava apenas e simplesmente caminhando por uma calçada do centro quando o chefe de polícia passava.

No processo, depois do assassinato do comerciante e seu caixeiro (e o cãozinho), a posição de José Ramos foi estranha. O próprio Dario Callado conduziu o inquérito (e um dos julgamentos também). Isso significa que o acusado era, privilegiado da autoridade processante. Dario é claro, amoleceu as coisas para José Ramos.

Em Porto Alegre José Ramos compra uma casa na então Rua do Arvoredo no Centro da cidade. 
Seu antigo dono, Carlos Gottlieb Claussner, tinha um açougue no térreo do local e continuaria gerenciando o negócio.

José Ramos era um homem que gostava de frequentar o recém inaugurado Theatro São Pedro e estava sempre presente em festas da classe alta da cidade. Com o tempo, ele e Claussner tornaram-se os principais açougueiros da região central, fornecendo carnes e linguiças às mais famosas famílias do Centro.

Um breve resumo da vida de Catarina Palsen:

No início de 1864, José Ramos conheceu Catarina Palsen, uma jovem húngara de beleza arrebatadora. Eles apaixonaram-se instantaneamente e o homem a convidou para morar com ele. Passariam por um casal normal, se não fosse pela história de Catarina e pelos instintos assassinos de José.
Catarina tinha apenas 12 anos quando assistiu a morte de toda sua família pelas tropas russas, ela por sua vez foi estuprada e se fingiu de morta, conseguindo assim sobreviver. Aos 15 anos, casou-se com Peter Palsen, e ambos resolveram vir para o Brasil. Ainda no navio seu marido se suicidou, e a jovem se viu sozinha em um país que não conhecia. Provavelmente, ela chegou ao Rio de Janeiro, não se sabe ao certo como ela veio parar no sul do Império brasileiro.

Os crimes:
José Ramos havia confidenciado a Carlos seu instinto assassino e na conversa descobriu um método prático para se livrar dos corpos: Claussner mencionou, brincando, que poderiam ser transformados em linguiças e vendidos.


Com Catarina, o plano macabro estava completo. A jovem atrairia os homens (na maioria imigrantes alemães), fingindo interesse sexual nos mesmos, até o endereço (hoje perdido) na rua do Arvoredo, onde eram mortos por Ramos, colocados em um baú e então, com a ajuda de Carlos, esquartejados, moídos, transformados em linguiça, e posteriormente vendidos aos transeuntes desavisados e às grandes famílias da região. 
Os ossos eram queimados ou jogados no Lago Guaíba.
Algumas fontes afirmam que outras pessoas participaram dos crimes.Dentre essas pessoas são apontadas um  ferreiro alemão Henrique Rithmann, conhecido por “o corcunda”, e Carlos Rathmann. Embora as participações tenham sido de menor importância.

Os desaparecimentos começaram a despertar a curiosidade das pessoas, que pressionavam cada vez mais as autoridades a investigar. Isso começou a assustar Carlos, que decidiu se mudar para o Uruguai, mas foi morto pelo casal antes que pudesse fazê-lo. Sem as habilidades dele para moer os corpos, José optou por enterrá-lo. Ramos contou as pessoas nos arredores que Carlos teria viajado para a Alemanha, embora algumas pessoas próximas ao açougueiro soubessem dos seus planos de ir para o Uruguai.

O caso começou a ser desvendado quando Januário Barbosa, um português dono de uma taberna, desapareceu com seu caixeiro, o menino José Inácio de Souza Ávila, de 16 anos. Ambos foram vistos pela última vez entrando na casa de José Ramos. O cachorrinho do menino permaneceu latindo na porta da casa por alguns dias, como se esperasse o dono voltar, até que misteriosamente também desapareceu.

Esse fato intrigou os moradores da região, que pressionaram a policia para que a casa fosse vistoriada - o que foi prontamente atendido em 18 de abril de 1864. Para o horror geral, foram descobertos no pavimento inferior da casa, numa cova, ossos humanos e um cadáver em avançado estado de putrefação. Januário e José Inácio foram encontrados, mutilados, no quintal da casa, junto com o cão.

Procedidas as diligências criminais, o cadáver do porão foi identificado como sendo de Carlos Claussner. Pela casa foram encontrados vários objetos de uso pessoal dos desaparecidos. Na cadeia, José Ramos confessou os assassinatos e Catarina Palsen deu detalhes de tudo.

Com o aprofundamento das investigações, chegou-se ao horror maior: essa pequena gangue, liderada por José Ramos, havia matado outras seis pessoas, no ano de 1863, todas elas de ascendência germânica, algumas vindas das colônias para comerciar em Porto Alegre, outras de passagem pela cidade. E não apenas morreram essas pobres criaturas: da carne de seus corpos, José Ramos, com apoio maior ou menor dos outros, havia feito linguiça. Linguiça que o açougue de Claussner havia vendido, inclusive para as melhores famílias da cidade.

Ramos foi condenado a prisão perpétua. Mas como ele conhecia muita gente da polícia, gente importante inclusive, ele usufruiu de alguns favores, que tornaram sua vida de presidiário mais agradável. José Ramos faleceu em 1893, internado na Santa Casa de Porto Alegre. Ele morreu leproso e sem nunca ter admitido os crimes que Catarina afirma que ele cometeu.

Catarina foi internada em um hospício, onde passou a maior parte da vida. Ela foi encontrada morta em 1891 (provavelmente cometeu suicidio)  algum tempo depois de ser libertada.

Até onde se sabe o grupo matou 9 pessoas, mas esses números podem até ser maiores.

O fato é que hoje ninguém questiona os crimes, porém a história das linguiças fabricadas com carne humana e comercializadas entre os ricos de Porto Alegre, ganhou contorno de lenda urbana. As muitas páginas do processo judicial perdidas podem conter a verdade a respeito desse sórdido caso, porém é muito provável que esses documento estejam perdidos para jamais serem encontrados.

Segundo D. Freitas, inclusive Charles Darwin teria escrito um artigo acerca do episódio ocorrido na capital gaúcha. Em1868, o cientista teria recebido notícias (não se sabe se por meio de jornais ingleses ou por informações do cônsul inglês em Porto Alegre) e escrito um comentário.

O fato é que hoje existe o crime; porém, as provas sobre as linguiças fabricadas com carne humana foram consumidas no decorrer do processo e o passar dos tempos.


Meus caros Sinistros, peço desculpas pela falta de conteúdo visual (ou falta de fotos), não achei imagens na internet. Bom, no caso achei, mas não eram as do caso. E sim de uma peça de teatro ( se não me engano).
Obrigado pela leitura.


O que acharam Sinistros?? Se tiver faltando algo, deixa um comentário ou me mande um e-mail. Ficarei muito feliz em receber opiniões, propostas de posts, histórias, imagens...
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Até a proxima !!!!